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Emancipação

Desde a sua fundação e com o passar do tempo, a então chamada: "Jatobá do Brejo" foi crescendo cada vez mais, a ponto de ser elevada a categoria de distrito do município do Brejo da Madre de Deus, em meados de 1879. A partir daí o progresso foi contínuo e por esse motivo, pelo decreto de Lei estadual nº. 952, de 31 de dezembro de 1943, a vila passou a denominar-se JATAÚBA, antes mesmo de tornar-se livre politicamente. Nesta época, os moradores da vila de Jataúba já almejavam algo além, queriam suprir sua necessidade de liberdade, de autonomia, de independência. Os primeiros “Jatobasenses” (como antes eram conhecidos), não queriam mais se sentir subordinados ao município de Brejo da Madre de Deus (cidade vizinha), desta forma, através de seus representantes, começaram a articular as iniciais lutas em prol das mudanças políticas para o lugar.


A primeira tentativa de independência foi realizada em 31 de dezembro de 1958, através das duas vias partidárias da época, que mesmo pertencendo a Brejo, representava o povo da Vila de Jataúba. O primeiro a manisfestar o interesse a esse projeto foi JOSÉ LOPES DE SIQUEIRA, conhecido por Bichinho, quando exercia seu mandato de vereador. Em seguida, o Sr. JOSÉ HIGINO DE SOUSA (o qual então seria o primeiro prefeito constitucional da história do município), que também era vereador eleito e já representava politicamente Jataúba como seu oponente, também passou a demonstrar publicamente sua igual vontade pelo então sonho de independência jataubense. 
Assim, foi feito um pedido de elevação à categoria municipal e encaminhado a Assembléia Legislativa, mas, infelizmente, essa primeira tentativa frustrou-se, pois o governador que entrou na época da apreciação vetou imediatamente o pedido. Tempos depois (4 anos), graças a um mandato de segurança impetrado junto ao Supremo Tribunal Federal, o veto foi anulado e finalmente, no dia 02 de março de 1962, o município foi instalado.


Através de nomeação, foi designado uma pessoa para administrar interinamente (e sem recurso algum) o recém nascido município. Desta forma, nomeou-se o Sr. Severiano Barbosa da Silva (in memorian) como o primeiro prefeito, até que se fizessem as primeiras eleições locais ainda naquele mesmo ano. Historicamente, Jataúba teve dois "primeiros prefeitos", um "primeiro prefeito interino" e outro "primeiro prefeito eleito".


A partir daí, com o passar do tempo, observou-se um notório crescimento, e aos poucos, Jataúba foi subdividindo-se territorialmente, sendo atribuído ao município 5 distritos: Jataúba (cidade/sede), Jacu, Passagem do Tó, Jundiá e Riacho do Meio. Posteriormente, os limites da cidade também dividiu-se em 5 bairros: Centro, Bom Jesus, Boa Vista, Augusto de Melo, Seu Teté e Bairro Branco.



Hoje, mais do que apenas divisões geográficas conquistadas, os Jataubenses sentem-se orgulhosos, dignos e independentes, comemorando fervorosamente as festividades de sua história a cada “02 de março” que se passa.




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Fonte: Pesquisas Diversas
Redação: Guto Mineiro - Blog Memória Jataúba


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BIOGRAFIA DE JOSÉ LOPES DE SIQUEIRA (BICHINHO)



Pouco tempo depois de sua emancipação e primeira eleição, Jataúba perdia um líder político importantíssimo de sua história. José Lopes de Siqueira, chamado carinhosamente de Bichinho, era covardemente assassinado em plena luz do dia. Nascido em 29 de julho de 1913 e vindo de uma família humilde e católica por tradição, José Lopes traçou a política e lutou incansavelmente pela emancipação de nossa terra. Era filho de Francisco Lopes de Melo, agricultor, que faleceu com mais de 100 anos de idade, e de Maria Ferreira Guimarães, primeira agente dos Correios e Telégraphos de Jatobá, então distrito do Brejo da Madre de Deus.


Possuía um comércio de estivas, bebidas e padaria, estabelecido na antiga Rua Dom Pedro II, hoje em sua homenagem, chama-se: Avenida José Lopes de Siqueira. Amava seu comércio e para transportar sua mercadoria, adquiriu um caminhão que o denominava de “besouro verde”, sendo um dos primeiros a circular nesta região. A agricultura era seu refúgio e administrava sua pequena fazenda, denominada Travessia, situada neste município, onde criava poucas cabeças de gado e concentrava seu maior rebanho na ovinocultura. Iniciou o cultivo do cizal, depois o do algodão arbóreo, na época, denominado de Ouro Branco.


Tinha, no plantio de algodão, a maior economia desenvolvida, que no período de safra, permitia-lhe empregar centenas de homens e mulheres no trabalho temporário da colheita. Ingressou na vida política, ainda muito jovem, sendo eleito vereador por este distrito, quando pertencia ao município de Brejo da Madre de Deus. O seu mandato, exercido no período de 1955 a 1959, foi marcado pela busca da realização de um grande ideal, através de um audacioso projeto: "a tão almejada emancipação política de Jataúba", que teve a honra de alcançá-lo, ainda em vida, em 31 de dezembro de 1958, sendo sancionada em 1962.


José Lopes de Siqueira conviveu maritalmente com Maria Izabel Queiroz e, desta união, constituiu uma família composta de quatro filhos: Paulo Fernando de Queiroz Siqueira, Paula Frassinete de Queiroz Siqueira, Petrônio Flávio de Queiroz Siqueira e Pecíola de Fátima de Queiroz Siqueira. Anos depois, seu filho Petrônio se elegeria como prefeito em dois mandatos e a vereador em um mandato. Através de concurso público, Bichinho foi o primeiro tabelião público oficial do registro de imóveis, títulos, documentos e seus anexos, foi também escrivão do cível e crime e seus anexos do Cartório Único de Jataúba. Pleiteou o cargo de "primeiro prefeito eleito" do município de Jataúba em 1962, mas foi vencido nas urnas pelo seu então oponente: José Higino de Sousa.


José Lopes faleceu, precocemente, com a idade de 50 anos, por bárbaro assassinato, pelas mãos criminosas de um soldado de polícia, vulgo “Marinheiro”, no dia 13 de junho de 1964, (dia de Santo Antônio, padroeiro do distrito Jacu, deste município), às 06h00 de um sábado, dentro de seu próprio estabelecimento comercial, sem o direito de esboçar qualquer reação defensiva, não havendo nenhuma luta corporal ou verbal. Assim, um dos personagens principais da história de Jataúba calava-se para sempre.


Tal fato fez o município de Jataúba passar por grande comoção cujo sentimento de pesar gerou o eterno reconhecimento: “Aqui jaz o grande líder político de Jataúba, que com coração, corpo e alma, moveu céus e terras por sua terra natal”. Certamente, seus conterrâneos e familiares são eternamente gratos a este digno Homem. Seus restos mortais se encontram no túmulo da família, localizado no primeiro cemitério da cidade de Jataúba: "Cemitério São Sebastião", próximo ao Hospital.



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CRÉDITOS:
Fotos: José Lopes de Siqueira – (Bichinho) Seu filho Petrônio e sua esposa/Fontes diversas;
Dados e pesquisa: Biografia enviada por Petrônio Siqueira em 2008;
Edição e adaptação: Memória Jataúba.

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BIOGRAFIA DE JOSÉ HIGINO DE SOUSA



No dia 05 de fevereiro de 1922, na Vila de Jatobá, considerado o 3º distrito do Brejo da Madre de Deus, mais precisamente no sítio Sobrado, nascia José Higino de Sousa.  Católico por tradição, foi filho de João Higino de Sousa, agricultor, e Maria Lourença da Conceição, doméstica. Zé Higino, como era chamado, cresceu com 4 irmãos legítimos e 6 meio-irmãos, vindos do segundo casamento de sua viúva mãe. São eles: Manoel, Nário, Maria, Antônia, Quitéria, Josefa (Zefinha), Casilda, Luíza, Antônio e José Domingos (Zezinho). Tornou-se comerciante por circunstância da vida, quando deixou o sítio para tentar a vida na vila.
Quando seu pai faleceu, saiu pedindo ajuda para a mãe poder criar os irmãos, foi quando um senhor chamado Estevão Ferreira (um parente), ofereceu-lhes trabalho em sua nova farmácia na vila de Jatobá, do qual herdou tal ramo. Ao longo da vida, de ajudante de farmácia, conseguiu empreender seu primeiro negócio, a “Farmácia Nossa Senhora das Graças”, posteriormente, colocou uma rede de farmácias intitulada “Farmácia Guararapes” com estabelecimento em Caruaru e também na capital Recife.


Diante do trauma de perder o pai quando ainda era muito jovem, enfrentou dificuldades em seus estudos, pois queria também ajudar a mãe com as despesas da casa.  Assim, vendia “caruá”, que servia para fazer cordas, depois tornou-se atendente, e em seguida, comerciante. Enfrentando todas essas adversidades, conseguiu frequentar somente até a 4ª série do primário.
Aos 28 anos, casou-se com Maria Eugênia Ribeiro (Dona Lia) a qual conviveu até o final de sua vida. Morando sequencialmente em Jataúba, Caruaru e Recife (por 40 anos), teve um total de 9 filhos: Sonia Maria de Souza, Sueli Maria de Sousa, Sueline Maria de Sousa, José Higino de Souza Filho, Sueleide Maria de Sousa, Solange Maria de Sousa, José Joelson de Souza, Salete Maria de Sousa e Sandra Maria de Sousa. Sua descendência registra ainda: 8 netos e 2 bisnetos. Por não conseguir concluir sua formação acadêmica em tempo hábil, o “estudo”, como ele falava, era uma das suas grandes prioridades, tanto que orgulhava-se em dizer que, sua filha primogênita, formou-se em medicina.



Preocupado com o desenvolvimento de sua terra e do seu povo, entrou na política muito cedo. Sempre pertenceu ao lado partidário conhecido por “gatos” e representou a vila na então sede do Brejo, tanto como vereador, como também, como vice-prefeito. Seus aliados e maiores incentivadores foram: Zé Inácio, Paulo Mendonça, José Mendonça, Antônio Ribeiro, Severino Miguel, Abílio, Terezinha Ribeiro, Silvério Bernardino, Julieta, Orestes de Brejo da Madre de Deus, entre outros. Foi prefeito de Jataúba por 2 mandatos, sendo o primeiro prefeito eleito da história do município. Venceu as eleições concorrendo pelo PRP em 1962, assumindo a primeira gestão do município, de 1963 a 1966 e venceu novamente em 1972, pela  ARENA, assumindo a quarta gestão do município, de 1973 a 1976.
No primeiro mandato, seus maiores feitos foram:  aterramento, nivelação e planagem da rua Dom Pedro I (rua São Sebastião), construção do açougue público, inauguração da Unidade Mista Ana Argemira Correia e também da nova eletrificação própria da cidade. No segundo mandato, inaugurou o Cemitério Santo Antônio, o segundo da cidade, o posto telefônico e o mercado de farinha.
Em 20/01/1972, com um terreno que foi doado pela igreja católica e tendo Maria da Conceição Pereira como a primeira gestora, inaugurou com o prefeito da época, que no caso seria seu antecessor, a maior instituição educacional pública do município, localizada no centro da cidade, a qual levou o seu nome. Algo bastante inusitado, pois prédios públicos só podem ser intitulados por nome de pessoas já falecidas e naquela ocasião, José Higino estava alí, vivo. 


Depois do seu segundo mandato, de 1973 a 1977, afastou-se definitivamente da política, fazendo deste, sua última gestão. O motivo do seu afastamento foi baseado em recomendações médicas e também no intuito de dedicar-se mais a sua rede de farmácias que naquele período só crescia. Sobre o projeto de emancipação de Jataúba, por José Higino fazer parte do grupo político de Zé Inácio, que era do Brejo, saiu rumores que eles não queriam que a Vila se tornasse independente, o que não foi verdade. O município de Santa Cruz do Capibaribe já havia se desmembrado e para acontecer o mesmo com Jataúba, era apenas uma questão de tempo. José Higino falava abertamente que essa era a vontade de todos do Brejo, da vila de Jataúba e inclusive, dele também.
Quando finalmente o sonho de independência se concretizou, todos comemoraram. Não teve vencedor ou perdedor. Todos ganharam. A disputa agora era: “entrar para história, sendo o primeiro prefeito eleito do novo município” e José Higino pleiteou, lutou e venceu duplamente tal eleição. Sim, duplamente, pois houve uma segunda apuração de votos quando surgiu a denúncia feita pelo partido de Bichinho, seu opositor, alegando haver fraude na urna da Passagem do Tó. No entanto, o comparativo da primeira para a segunda votação, só confirmou ainda mais a expressão popular do vencedor, pois a contagem de votos mais uma vez evidenciou e favoreceu a vitória, mostrando um resultado no qual os votos haviam aumentado significativamente para José Higino.


Gerir Jataúba, um município recém criado, sem maioria na câmara e sem recurso algum, foi um grande desafio enfrentado com muito vigor por Zé Higino. As dificuldades foram gigantescas, na maioria das vezes, tudo foi feito de forma voluntária com ajuda de muitos parceiros que também queriam fazer de Jataúba um lugar promissor. Dois anos após assumir a primeira gestão do município, José Higino viu seu principal concorrente e opositor ser assassinado em plena praça pública. Apesar de não ter vencido a primeira eleição de Jataúba, Bichinho tinha o apoio do governo estadual da época, destacava-se consideravelmente e obviamente, incomodava o brejense Zé Inácio e seu grupo. Assim, logo surgiu, por parte de populares de Jataúba, acusações de envolvimento do tal grupo político, do qual José Higino fazia parte, na morte do líder político unidebista  Jataubense. Quanto a isso, Zé Higino nunca se pronunciava, numa rara fala  apenas disse: "Eu acredito na justiça e ela trará a verdade", tanto que, posteriormente, "Marinheiro" foi preso e com as investigações, veio a toma que a motivação do assassinato foi de honra pessoal, por Bichinho ter o desmoralizado, soltando aquele a quem havia prendido pelo fato do mesmo ser seu padeiro, e também, por acusações que outrora sofria no intuito de interceder junto a instância superior estadual, para retirá-lo de tal cargo.


José Higino viveu quase nove décadas, no dia 17 de novembro de 2009, aos 87 anos nos deixou. Faleceu de insuficiência cardíaca no hospital Unicordis, em Recife-PE. Seus restos mortais se encontram no cemitério Irmã Dulce, o terceiro cemitério da cidade de Jataúba, localizado próximo à Academia das Cidades. O túmulo em que se encontra sepultado, foi planejado e construído, a mando do próprio José Higino, para sua família e si próprio, ainda em vida. Seus conterrâneos jataubenses compareceram em massa ao seu velório que aconteceu na Câmara de Vereadores de Jataúba e em seguida, na quadra poliesportiva da escola que leva seu nome.
Segundo seus familiares, José Higino sempre demonstrou muito AMOR à Jataúba e aos conterrâneos, pois lutou para ver o seu progresso, mostrando-se caridoso e prontificado a ajudar ao próximo sempre que podia. Educação para o seu povo foi seu cargo chefe e marca principal de suas gestões. Sua vida e sua história representou muito para o povo jataubense, pois foi um exemplo de determinação e coragem. A humildade, a empatia e a reciprocidade são lembranças nítidas de quem com ele conviveu. Foi um homem que deu muito de sua vida para a prosperidade de sua terra, assim, deixou o plano terreno, mas se imortalizou na história de sua tão amada Jataúba.






FONTES DE PESQUISA:
Jornais da época
Galego de Melo (Locutor)
TRE - Tribunal Regional Eleitoral
Livro "Do Jatobá à Jataúba" do Prof. Arnaldo Cícero Marques
Filhas de José Higino: Sandra e Sônia
Populares: Gorete Lopes, Geraldina, Braz Mineiro (in memorian), Graciete Silva, Julieta Vieira, Fatinha filha de Jota e 
Zete viúva de Zezinho, meio irmão de Zé Higino.
TEXTO: Guto Mineiro/ Blog Memória Jataúba

Março/2022